Avaliação, Currículo e Portfólio: análise e entendimentos.
Para recordar e assimilar: Durante este primeiro dia de aulas da
unidade curricular (UC) Teorias e Modelos
de Avaliação a professora Palmira Alves trouxe-nos para discussão os conceitos de: Avaliação, Currículo e Portfólio. Para potencializar os assuntos descritos, é interessante
comentá-los a luz do seguinte referencial teórico:
AVALIAÇÃO
Avaliar significa buscar melhores
resultados e se expressa em acolhimento.
Conduz a uma ótica que, independente da forma como se traduz, positiva
ou negativa, necessita ser sempre acolhedora. Tomando o estudante como exemplo,
avaliar sintetiza em respeitá-lo e ampará-lo de forma a não construir
estereótipos iniciais. A partir de então, o professor poderá experimentar mecanismos que
possibilitem obter rendimentos significativos de seus alunos (Luckesi,
2000).
Libâneo (2008) explica que a avaliação
está voltada para um conjunto de ações sistemáticas que analisam: fenômeno,
situação, processo, dentre outras. Tem como objetivo a emissão de juízo
valorativo. O autor salienta que as avaliações configuram na coleta de
informações e, com base em critérios pré-estabelecidos, poderão ser tomadas
decisões para renovar ou costruir novas ações.
Depresbiteris (2000) explicita que, nas primeiras
décadas do séc. XX, a avaliação educacional estava associada a aplicação de
testes. Por volta de 1950, o educador Ralph Tyler distorceu esse pressuposto
afirmando que o processo avaliativo acontece também em: escalas de atitude,
inventários, questionários e outros meios que apontam rendimento dos alunos (programas
instrucionais). O educador determinou três primórdios que caracterizam a
avaliação: aluno, sociedade e área de estudo a ser desenvolvida. Em seus
estudos, Tyler percebeu que os alunos demonstraram habilidades e objetivos
quando foram observados em situações de interações sociais. Com isso, constatou
que se realiza avaliação nos meios que causam alterações comportamentais. O
educador elucidou que o processo avaliativo se dá quando comportamentos são
destacados em diferentes níveis e manifestações. Dividiu a concepção de
avaliação em dois aspectos relevantes: a avaliação deve julgar o comportamento
dos alunos; a avaliação deve ser constituída por mais de um julgamento, em
momentos subsequentes (Depresbiteris, 2000). Considera-se que:
Ralph Tyler criou um modelo de avaliação composto
dos seguintes passos: (1) formulação
e classificação dos objetivos, segundo níveis de generalidade e especificidade,
(2) definição de cada objetivo
em temas comportamentais, (3) identificação
de situações que demonstrem os comportamentos estabelecidos (4) seleção e experimentação de
métodos e instrumentos adequados, ou construção nos objetivos, de novas instrumentos,para a coleta de
informações sobre cada objetivo, 5) elaboração e critérios para interpretação
dos resultado Vianna 1982a, como citado em Depresbiteris, 2000, p.p 7-8).
Segundo Matos (2008) a avaliação apresenta duas modalidades
com funções diferenciadas:
i) Avaliação formativa: contínua e
sistemática, representa a função diagnóstica. Esta permite informar sobre o
progresso das aprendizagens. É um processo flexível que está aberto a
adaptações necessárias e à inserção de estratégias.
ii) Avaliação
sumativa: apresenta como objetivo a classificação final dos alunos
e, em contrapartida, a certificação ao final do ano/período letivo. No âmbito
interno, é de responsabilidade dos professores e da escola. Em se tratando de
exames externos, a responsabilidade será do Ministério da educação.
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| Imagem: João Carlos S. Balbi |
Valadares e Graça (1998 como citado em Matos, 2008)
salientam que somados à classificação formativa e sumativa, o conceito de
avaliação é influenciado por três princípios que enfatizam o produto da
aprendizagem, a medição e processo de aprendizagem, são eles: o behaviorista, o
psicométrico e o cognitivista.
CURRICULO
O currículo envolve amplos conceitos, dimensões e
categorias. Muitos o consideram controle,
outros como eficiência social, e as
vezes é referenciado por poder. No
entanto, o currículo configura visões
sociais particulares e de interesses.
Não é um elemento atemporal por
estar vinculado a organização da sociedade
e da educação. De acordo com Alves (2002, p.161), observa-se que currículo " trata-se de um território com diversas texturas e interações
entre o pensamento dos professores e dos alunos (as suas teorías, crenças e conhecimento)
e a cultura (os conteúdos, as tarefas, as tradições académicas...)".
Segundo Jesus (2008) a educação promove mudanças na
sociedade e, no indivíduo, provoca uma reflexão sobre o mesmo e no contexto
social em que está inserido. Promove a intervenção consciente e libertadora
sobre sua realidade de forma a alterar sua condição social. A autora salienta
que o currículo escolar se conecta com a cultura da sociedade num determinado
tempo e espaço e apresenta característica política. Silva (1996, p.23 como citado
em Jesus, 2008, p. 2639) esclarece:
O currículo é um dos locais privilegiados
onde se entrecruzam saber e poder, representação e domínio, discurso e
regulação. É também no currículo que se condensam relações de poder que são
cruciais para o processo de formação de subjetividades sociais. Em suma,
currículo, poder e identidades sociais estão mutuamente implicados. O currículo
corporifica relações sociais.
Retornando aos escritos do professor Libâneo (2008), o
educador explana que a partir das décadas de 1960-1970, os currículos passaram
a ser representados pelos seguintes níveis: formal, real e oculto. O autor expõe que a diferença entre os níveis se dá porque os alunos apreendem
conhecimentos previstos nos conteúdos escolares e experiência além dos muros
escolares. Seguindo esse entendimento, explicitam-se a
seguir:
· Currículo
formal: Estabelecido pelos sistemas de ensino ou instituição
educacional. Curriculo expresso por diretrizes curriculares , objetivos e
conteúdos das disciplinas em estudo. Acrescente que é o currículo formal ou
oficial que apresenta as diretrizes normativas
prescritas institucionalmente pelo Ministério da educação juntamente com
as propostas curriculares de estados e municípios.
·
Currículo
real: Aquele que acontece na sala de aula em decorrência do
projeto pedagógico e dos planos de aulas. É a efetivação do que foi planejado
com o objetivo de que as mudanças aconteçam através da experiências e
intervenções dos professores. Também
denominado de currículo experenciado pois os alunos percebem o que foi-lhes
ensinado ou vivenciado.
Currículo
oculto: Referem-se a aprendizagem em que os alunos e o trabalho dos professores são provenientes das
experiências culturais, valores e significados trazidos pelas pessoas de seu
meio social e vivenciadas na escola pelas práticas e experiências, ou seja,
representa tudo aquilo que os alunos aprendem pela convivência espontânea em
meio as várias práticas, atitudes , comportamentos, etc.
PORTFÓLIO
De maneira genérica, os “portfólios têm sido descritos
como uma coletânea das evidências que documentam o desenvolvimento, as
competências e as habilidades do indivíduo” (Waterman, 1991 como citado em Alvarenga
e Araujo, 2006, p.138). Destaca-se que durante a composição do
portfólio, o elemento socioemocional da reflexão alavanca a autoestima e a
autoconfiança dos estudantes porque estes vão identificando e superando os
erros e direcionamento a aprendizagem aos resultados satisfatórios (Alvarenga
e Araujo, 2006).
Friedrich et al. (2010) elucidam que o portfólio é um
instrumento formado por um conjunto de documentos, selecionados previamente,
organizados e contextualizados no tempo. As autoras consideram um instrumento bastante
subjetivo que permite a reflexão do aluno e do professor. Constitui uma forma
de avaliação que representa a aprendizagem, facilita a tomada de decisão e permite
ser alterado ao longo do processo. O portfólio contribui para auto avaliação do
aluno e aos professores, favorece a sua
experiência curricular pois permite se realizar um feedback.
No vídeo a seguir, constata-se a resenha do portfólio como instrumento do processo avaliativo. Disponibiliza as funções que o portfólio representa durante a avaliação educacional.
No vídeo a seguir, constata-se a resenha do portfólio como instrumento do processo avaliativo. Disponibiliza as funções que o portfólio representa durante a avaliação educacional.
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https://www.youtube.com/watch?time_continue=214&v=JbcGMyi_V5U


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